quarta-feira, 3 de julho de 2019

Talvez você soubesse

Talvez toda a minha coragem fosse medo. Medo de você descobrir que eu não era nada daquilo que você pensava que eu fosse. Talvez eu quisesse que você achasse que eu era tudo aquilo. Porque talvez se eu fosse tudo aquilo, você nunca ia me deixar. Talvez eu só pudesse ser tudo aquilo porque você me dava apoio para ser o que eu queria ser. Eu podia caminhar com segurança porque eu tinha você. No dia mais brilhante ou quando o mundo caía. Tava tudo bem. Porque você sempre soube colar os meus pedacinhos, por mais desconexos que eles fossem.

É engraçado como eu me sinto uma farça sem você. Como eu não me reconheço mais. Não reconheço minha coragem, minha teimosia, meu coração despretensioso e cheio de sonhos, o meu sorriso sincero porque eu sabia que, mesmo longe, você estava por aí me amando e cuidando de mim. Eu acho que eu me perdi. Eu me perdi quando eu te perdi. 

As palavras que eu falo já não têm sentido. Elas soam vazias. Os meus passos erráticos já não encontram a direção certa. Os meus olhos já não têm brilho. Eu acreditava em tanta coisa bonita... que se perdeu. E eu achava que conquistar o mundo ia fazer essa dor sumir. Mas hoje eu entendi que nada faz. 

Eu fico esperando o dia que você vai vir para ficar. O dia que você vai sorrir para mim como se tudo não tivesse passado de um sonho ruim. Que acabou. Eu espero o seu bom dia, o seu jeito de rir das coisas mais banais do cotidiano, a sua leveza na minha insanidade e as suas músicas de bandas que eu jamais ouviria se não fosse por você. Eu espero o seu colo, a sua aprovação, os seus planos e até as suas dores. Eu espero o seu jeito, a sua calma, a sua alma. Eu espero o jeito como a gente às vezes sabia que nada fazia sentido mesmo, mas enquanto não fizesse sentido juntos, tava tudo bem.

Eu me olho e não me vejo. Eu me olho, mas ainda te vejo tanto. Dentro de mim você ainda existe imenso. E eu não sei qual Deus eu devo culpar ou agradecer por isso. Talvez você soubesse.

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