sábado, 18 de dezembro de 2010

Dias passados.

Lembro daquela última vez que eu entrei lá. Não havia ninguém e poucas coisas estavam iguais do modo que eu lembrava. Ainda assim eu sentia que aquele era meu lugar, mesmo depois de tanto tempo.

A cada passo que eu dava, meu coração batia mais forte. Eu lembrava de cada momento que tinha vivido, desde a primeira vez que eu tinha estado lá até a última. Acho incrível o modo como os lugares guardam todas as nossas lembranças e nos remetem a diferentes épocas de nossa vida. Não, não é incrível, é mágico.

Em cada canto, em cada parede, em cada parte do chão, eu tinha coisas pra lembrar. Eu lembrei de todos vocês que estiveram ali comigo e depois nunca mais estiveram, em lugar nenhum. A parte mais difícil de encerrar algumas coisas na vida é isso, saber que algumas pessoas também vão partir. Alguns amigos são para toda a história, outros, somente para alguns capítulos.

E as lembranças que eram tão gostosas a príncipio, já começavam a machucar. E se não chorei foi por segurar as lágrimas a cada segundo, não por não ter saudade de vocês.

O passeio no passado foi longo, acolhedor e nostálgico. Lembrei-me de quando cheguei ali com tanto medo e como o modo que eu fui recebida foi melhor do que eu poderia sequer ter imaginado. Lembrei da vez em que ela ficou brava e nos deu uma bronca enorme, como nós todos rimos depois disso. De cada risada que todos nós compartilhamos, ora todos juntos, ora separados. De todas as bobagens que nós falávamos e, assim, íamos matando o tempo, tão leve, tão bom, tão sem sentido, sem imaginar o que viria depois.

Lembrei de todas as vezes que eu torci, chorei e até implorei para tudo aquilo acabar logo... Ah, que bobagem, eu hoje só queria poder voltar para aquilo, mesmo no pior dos dias, só para estar lá de novo, só para sentir o que eu sentia naqueles dias, só para poder ver todos vocês como vocês eram, como eu era.

Os momentos de irritação já não são tão frustrantes, as dores já não são tão insuportáveis, as pessoas já não são tão cruéis, as fofocas já não parecem tão maldosas, nem as mentiras, tão graves. As músicas insuportáveis, não, nem sequer eram insuportáveis. Aquelas músicas agora são o som de fundo das lembranças e eu gosto, eu as canto baixinho enquanto penso em vocês.

E se as coisas ruins perderam sua intensidade e agora são de uma cor desbotada na lembrança, não posso dizer o mesmo de tudo que me fez amar tanto aquele lugar. As coisas boas agora se intensificaram e ganharam um contraste que até dói os olhos... Dói de saudade. E eu só consigo gostar mais de tudo aquilo e eu só consigo querer chorar mais e mais por tudo que se perdeu.

E quando, finalmente, chego ao fim do flashback, ele toca meu ombro. E ele não é alguém que eu conheço, nem alguém que sequer participou de alguma cena que acabou de passar. Ele é o presente me chamando de volta.



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domingo, 5 de dezembro de 2010

Sete faces

É curioso como o tempo age. As mudanças que ele causa são tão sutis que a gente só percebe depois de muito tempo, quando o contraste entre o que foi e o que é nos choca.

O tempo leva tudo. O tempo leva os outros. O tempo leva muitos dos nossos sonhos. O tempo leva aqueles que nos são mais importantes. O tempo leva nossa inocência. O tempo só leva, sem pedir permissão, sem perguntar se nós queremos, não, o tempo é cruel, o tempo não tem consideração, ele só leva embora.

Acho engraçado o jeito como nós - e nossa vida - nos transformamos tanto, em um até curto espaço de tempo, e como nós não temos essa consciência. Dizem que quando você convive muito com alguém, passa muito tempo diariamente com essa pessoa, você não percebe as mudanças lentas e gradativas que ela sofre. Você está tão acostumado com aquilo que acaba ficando cego, não consegue notar. Se temos essa visão tão deturpada com os outros, eu fico me questionando o quanto nós erramos com o que pensamos de nós mesmos.

Será que nós conseguimos ter uma visão daquilo que realmente somos ou nós nos iludimos imaginando que somos aquilo que nós achamos que deveríamos ser? Nós nos vemos como quem somos agora ou ficamos presos com a imagem daquilo que fomos?

A vida passa de um jeito assustador...

Assustador porque passa diante de nossos olhos, mas sem nos darmos conta, só conseguindo isso anos depois.

Assustador porque pensamos que escolhemos nossa vida, que a podemos controlar, quando somos apenas movidos por impulsos e intuições em um labirinto no escuro.

Assustador porque condições adversas nos são dadas no momento errado, sem o preparo suficiente e nós só temos a escolha de tentar fazer o melhor que podemos naquela hora, mas, na maioria das vezes, o que parecia certo naquele momento é o que mais tarde pode ser o erro que você menos queria cometer.

Assustador... Porque não sei se eu trago a vida ou se a vida é que me traga.

Vai, Camila! Ser gauche na vida.



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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Enjoy

Todos ficamos esperando que nossa vida um dia seja realmente do jeito que a gente considera ideal, assim, finalmente poderemos ser felizes. Nada de ruim acontece, só coisa boa... Felicidade.

E, enquanto isso não acontece, nós ficamos desanimados e desiludidos com a vida entrando na nossa própria piedade, nos questionando porque as coisas não podem ser fáceis pra nós, porque todos conseguem viver tão bem e, pelo menos aparentemente, serem felizes. Ficamos sem entender porque tudo de ruim pode acontecer ao mesmo tempo na nossa vida e não na dos outros, porque eles podem ser felizes e nós não. As coisas são do jeito que nós escolhemos interpretar.

Depois de muito brigar com a vida em busca da tão sonhada e desejada felicidade, eu finalmente entendi.

Não espere que sua vida seja perfeita para você ser feliz.

Não espere que o mundo seja justo, que os políticos sejam honestos, que seu chefe seja legal, que você trabalhe pouco e ganhe muito, que o amor idealizado finalmente chegue para então ser feliz. Não adie sua felicidade para um futuro incerto. A vida é agora.

Felicidade não é algo que depende das coisas que acontecem na nossa vida ou mesmo no nosso dia, felicidade vem de dentro. Esperar que tudo seja como deve ser é pura ilusão.

Felicidade não é consequência de fatos exteriores, é estado de alma.

Felicidade é ser feliz sem razão.

Felicidade é viver em paz.

Felicidade é aceitar a vida como ela é.



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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Final

E eles cobram de mim lógica, sentido. Ah, se soubessem...

Não sigo a linha de raciocínio, não sou compreensível, não tenho intenção de ser. Não tenho intenção de nada. Só vivo.

Vivo pelas minhas regras, faço o que acho certo. Regras minhas, regras instáveis. Não gosto de ser incoerente, mas conservo minha liberdade. Sempre. Dou-me a liberdade de mudar de opinião, se achar que devo.

Tenho horror a solidão e, com isso, a provoco. Porque, no fundo, nós estamos sozinhos realmente.

Quero resolver tudo, quero ser independente, mas é só tudo ficar um pouco complexo que eu sinto a maior carência e vontade que alguém me acolha e resolva tudo por mim.

Desafio o mundo, mas sou a maior medrosa. Tenho medo. Morro de medo. Minha tendência a desistir é gigante. E se enfrento, se continuo, se persisto é porque tenho tanto medo que crio coragem do medo de ter medo.

Faço questão de fugir a regra. Faço questão de me renovar. Faço questão de quebrar os padrões. Porque tenho horror aos padrões. Tenho horror ao cotidiano. Tenho horror a ser plural. Não suporto fazer parte de alguns que eu considero tão repulsivos. Odeio ver em mim o que nos outros me aborrece.

E tanto desejo de ser igual, algumas vezes.

E eles cobram de mim lógica, sentido... Ah, se soubessem que eu me compreendo menos do que eles. Que torço pra alguém, algum dia, me decifrar e me explicar, pois quanto mais me conheço, menos sentido faço para mim.



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sábado, 30 de outubro de 2010

O amor é um veneno

Ele estava sentado refletindo. De repente tudo parecia confuso. Seu olhar estava fixo, mas ele não estava olhando nada. O que ele via era seu passado que corria indo em vários momentos diante de seus olhos. Ele não entendia e estava assustado. Sempre fora o tipo de pessoa que preferia manter a rotina, os planos de sempre. Não gostava de mudanças, de surpresas, de contratempos. Ele sentia-se melhor com aquela falsa sensação de controle da vida. Algumas pessoas são assim, mesmo que no fundo saibam que não controlam nada.

E ali estava ele. Apavorado. Dividido entre a vontade de arriscar tudo e o medo de não estar mais na zona segura. Logo ele que sempre quis afastar qualquer coisa que pudesse fazê-lo sentir inseguro sobre o futuro, deixara a barreira falhar por poucos minutos e agora tudo havia desabado.

Ele pensava nela. E sentia raiva. Ah, se ele pudesse estar perto dela agora, ele a mataria de tanto ódio que conseguia sentir. Ela sabia o que fazia com ele, como o deixava e sentia prazer nisso. 'É uma sádica, uma dissimulada...' e antes que pudesse continuar com sua longa lista, ele parou. Sabia que procurava achar defeitos para não chegar na real verdade. A raiva que sentia, na verdade, era porque ela o desafiava, ela questionava suas verdades, suas decisões e ele morria de medo de acabar as questionando também. Ele morria de medo de acabar dando razão a ela, porque ele queria, mas desde a última vez que ela foi embora, ele prometeu nunca mais a deixar vencer.

Ela não era como ele. Ela não tinha um plano definido que seguiria a todo custo. Ela mudava, a cada segundo. Ela queria viver conforme a vida fosse mostrando. E ele faria qualquer coisa para não amar uma mulher assim. Uma mulher tão instável que a qualquer momento poderia decidir que já não o queria mais. Mesmo depois de tudo, ele não poderia arriscar desistir de todos aqueles planos, que lhe eram tão seguros, por algo tão arriscado. Ela era arriscada demais. Confusa demais. Incosntante demais.

Como queria esquecer, como queria fugir. E percebeu que já havia feito isso. Por isso estava ali agora. Tentara, inutilmente, fugir. E seu plano já não parecia tão bom. Estava distante fisicamente e ainda sim não conseguia fugir dela, daquelas palavras, daquela rebeldia sem causa de quem quer ser diferente a todo custo só para não admitir que é como todo mundo.

Ele se concentrava a todo custo nas coisas ruins. Sua raiva estava passando, seu ódio se dissipava para a ternura voltar. Ele não queria. Aquilo machucava. Não queria se entregar de novo, pois sabia que se o fizesse, dessa vez seria a última. Já havia adiado aquilo o quanto podia e a encruzilhada já estava a sua frente. Não tinha mais caminhos, não tinha como voltar, não tinha como fugir, não tinha como ficar parado ou ignorar, pois até se ele não escolhesse agora, a decisão de não decidir seria a escolha feita.

Ele não queria perder, mas ganhar trazia consigo o risco de perder. E era um risco que ele não estava disposto a enfrentar. Não ele que só apostava nas coisas concretas e certas. 'Ah, o amor é um quebra-cabeça que eu não entendo. Se eu só pudesse gostar daquela outra...'



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domingo, 17 de outubro de 2010

Liberdade

Eu tentei te segurar, eu tentei te manter, com unhas e dentes, de um jeito insano, com saudade, com raiva, com esperança de nós ainda podíamos. Eu tentei resgatar você do passado e te deixar no presente. Eu fiz isso porque achei que eu fosse tudo pra você que você ainda era pra mim. Não foi racional, não foi da melhor forma, mas foi da minha forma. Eu ainda acreditava nisso.

Em uma das poucas vezes que eu tentei fazer diferente, que eu tentei lutar, o resultado foi desastroso. Eu lutava sozinha uma batalha que pra você já havia sido perdida há muito tempo. Minta pra si mesmo, minta pra mim, minta pra todo mundo, mas você e eu sabemos a verdade. Eu percebi isso, vi que você tinha desistido, mas eu quis fazer você enxergar que ainda dava pra gente. Algumas vezes eu achei que eu estava conseguindo, ainda que você fossem coisas opostas o que você dizia e o que você fazia. As palavras me davam esperança e depois era com elas que eu me desiludia.

Eu dei meu grito de socorro sufocado várias vezes pra você, quando eu não queria nada além de compreensão, em silêncio, com você ao meu lado. Poder sentir que o mundo é uma loucura mesmo, que a gente se sente vazio, mas que é normal. Saber que você ainda era aquele que me confortava mesmo sem uma palavra, só com sua presença, porque sua presença sempre valeu muito mais do que qualquer palavra, qualquer conselho. A gente conseguia se entender melhor assim. Você fechou os olhos para mim. Todas as vezes. E eu neguei isso. Eu não queria acreditar que nossa amizade tinha acabado.

Aquele era meu último pedido de socorro, era sua última chance de salvar isso que já definhava e dava os últimos sinais de vida. Foram seis toques no celular, menos de sessenta segundos, mas eu senti mais de um ano passando naqueles poucos segundos. Dizem que quando a morte chega perto você vê a inteira passando por seus olhos. Eu vi nossa vida inteira, todas as bobagens, todos os risos fáceis passando pelos meus olhos que só esperavam uma voz cansada ou mesmo de raiva do outro lado.

Eu estava sozinha como em todas as outras vezes. Você fingiu não ver, você decidiu não enfrentar. Você fugiu como um garoto covarde, como sempre faz quando as coisas ficam difíceis demais. E eu chorei por você, pela última vez, no nosso enterro. Era a aceitação que finalmente chegava.

sábado, 9 de outubro de 2010

Aquela garota.

Ela sempre soube sobre aquela garota. Quem era aquela garota e quem aquela garota era pra ele. Ele não precisou contar, ela sempre sentiu. Todo homem tem uma mulher que o marca para sempre, que ele não esquece nunca. Ela sabia que nunca ia poder ser essa mulher, porque aquela garota já havia ocupado esse cargo.

Desde o começo de tudo, quando ele não era ninguém pra ela, quando ela não sentia nada por ele ainda, nunca gostou daquela garota. Aquela garota era o tipo de garota que sempre teve tudo, então se sente a rainha do mundo, aquela garota não tinha o rosto mais belo, mas seu corpo fazia qualquer um babar por ela e sabia disso, conquistava os homens assim e não por ter algo muito maior que uma ervilha na cabeça. Mas para ela, que não gostava de garotas assim, não foi esse o problema com aquela garota, esse seria o menor dos seus problemas.

Com tempo ele mostrou pra ela que aquilo não era uma ideia sem sentido. Ela que sempre quis estar certa de tudo, dessa vez que não queria, acabou certa e com o coração ferido.

O jeito como falava com aquela garota, os olhos com que ele olhava para aquela garota... Ela ouviu e viu, mais de perto do que gostaria, ela estava ali junto. Ele segurava suas mãos, mas ela sabia que ele, mesmo que no fundo, queria estar segurando as mãos daquela garota com quem conversava. Aquela garota... Sua vontade era gritar, mas ela só sorriu e respirou, mesmo o ar sendo sufocante para ela agora.

Ela sabia que nunca receberia olhos como os que ele dava para aquela garota. Ela sabia que talvez ele nunca gostasse dela como gostava daquela garota. Ela sabia que nunca conseguiria superar aquela garota e o que ele não sabia é que aquela garota, que nunca o quis de verdade, nunca gostaria dele como ela gostava. Como ela o amava.

E, depois de suportar dolorosamente a presença constante daquela garota nele, de sentir seu coração ser fatiado pedacinho a pedacinho cada vez que ele encontrava aquela garota, de ter estado ao lado dele como, talvez, aquela garota nunca esteve, foi aquela garota que o marcou e não ela.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Saudade tem distância?

Já olhou fotos dos seus amigos, aqueles amigos que mesmo distantes você sente carinho e muita saudade, e sentiu inveja de quem está com eles nas fotos? Já sentiu que aquele era seu lugar há um tempo atrás e já não é mais?

Ninguém sabe exatamente onde uma amizade começa, não estou falando de coleguismo, mas amizade. Você não sabe definir onde começou... E, provavelmente, não sabe quando acabou.

É estranho como amizades acabam. Algumas pessoas vão defender até o fim que amizades verdadeiras são eternas, nunca acabam. Pense em todas as pessoas que já foram muito próximas de você, pessoas que realmente te conhecem muito, mais do que você mesmo se conhece... Algumas se afastaram. Vocês não se veem mais, vocês não se falam mais. Assuma, a amizade acabou e nem por isso ela deixou de ser verdadeira enquanto existia. A sua preocupação com a pessoa continua, o carinho, os bons momentos você nunca vai esquecer, mas eles já são parte do passado e você dificilmente vê um futuro.

E o pior é saber que você viu essas pessoas partindo e não fez nada. Provavelmente jogou a culpa na vida que está muito corrida, você está muito ocupado, tudo está muito difícil. E, agora, que tudo já aconteceu, você lamenta. Nós pensamos muito no passado, olhando o que já não temos mais, e no futuro, sonhando com coisas que queremos. O presente, o agora, ninguém olha, ninguém valoriza... Deixa pra quando se tornar passado.

Apesar de ficar triste por não poder mais estar perto deles, eu fico feliz que alguém esteja no meu lugar. De verdade. Fico feliz de ser subtituída. É bom saber que os meus amigos, os mais especiais e importantes, que fizeram mesmo diferença na minha vida, conseguiram conhecer pessoas que gostam deles, que os ouvem, que os ajudam quando eles tem problemas, que cuidam deles do mesmo jeito que um dia eu fiz e já não posso mais fazer.

Dói admitir que você não é mais aquela pessoa super essencial na vida de alguém que você ainda gosta muito... Mas me conforta saber que eles estão bem. É bom poder acompanhar suas vidas mesmo de maneira superficial, de longe. Poder ficar feliz com o que está fazendo-os feliz, com o que eles estão realizando e conquistando. E talvez essa seja a parte mais pura sobre criar laços com alguém... Continuar se importando mesmo quando a amizade passa.

'Se não souber voltar ao menos mande notícias.'

sábado, 4 de setembro de 2010

Algumas perdas essenciais.

Nossas vidas são sempre cheias de momentos, pessoas, sentimentos, desejos... E cada uma dessas coisas é totalmente única. Você pode ter momentos parecidos, mas não são exatamente iguais. Você pode conhecer pessoas com características físicas ou psicológicas parecidas e ter sentimentos diferentes por elas, criar relações totalmente distintas. Você pode amar alguém hoje e daqui 5 anos amar outra pessoa, mas nem mesmo esse amor vai ser igual. Cada coisa que a gente vivencia é nova e também muito passageira, porque o mundo está mudando o tempo todo. A visão que você tem das coisas muda junto. Você cresce, muda de opinião, muda de gostos, amadurece - ou não - e sua vida toda vai sofrendo essas transformações.

Um mero detalhe pode fazer toda a diferença. Alguns detalhes pequenos acabam fazendo, às vezes, mudanças na sua vida que você nunca ia imaginar. Porque cada escolha feita são oportunidades perdidas e outras ganhas, pessoas que você não vai mais conhecer e outras que você vai. E o mais fantástico de tudo isso é que é totalmente incerto, você nunca sabe o que vai acontecer, mesmo quando você acha que sabe, acaba não sendo daquele jeito.

Você vai conhecer pessoas totalmente fantásticas e outras nem tanto. Pessoas que você vai admirar e ter carinho pro resto da sua vida e outras que você vai torcer o nariz sempre que encontrar. Pessoas que você queria ter sempre por perto, mas, infelizmente, elas vão acabar seguindo caminhos diferentes que o seu e o que vão ficar são apenas lembranças boas. Mas isso não é ruim, se você souber ver as coisas de um modo natural. Seu caminho te levou a essas pessoas e agora seu caminho te afasta delas. E talvez elas voltem algum dia, ninguém sabe.

As perdas são fundamentais na vida, você não saberia dar valor às coisas se não as perdesse. Você valoriza o dinheiro quando precisa dele e já não o tem mais. Você vê como a felicidade é tão boa quando está na tristeza. Você aprecia o tempo livre quando não tem tempo pra fazer tudo que precisa. Você não pensa na sua saúde até sentir a dor. Você acredita mesmo na fé quando encontra o problema. Então por que seria diferente com as pessoas? Pra ver o quanto algumas pessoas e amizades são boas e importantes pra nós, você acaba tendo que se afastar delas.

E a melhor parte disso tudo é quando você tem a oportunidade de tê-las de volta. É como voltar pra casa após um longo período fora. Só que agora é melhor... você sabe o quanto isso significa pra você e aproveita isso de verdade.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

I just don't know what to do with myself

Ao contrário do que a música pode sugerir, eu não estou perdida porque ele foi embora... Mesmo porque ninguém foi embora. Pelo menos não tão recente assim. Eu acho...

Eu não sei o que fazer da minha vida. E eu sei que isso não é problema de ninguém e que ninguém, além dos meus pais, liga pra isso. Mas eu ligo e sendo o blog meu... Hahahahaha

Eu já quis prestar tudo desde que eu comecei a pensar nisso. Já quis de tudo mesmo. Já quis psicologia porque meu sonho era poder ajudar as pessoas. Já quis teatro porque teatro é um mundo onde você pode ser quem você quiser. Já quis gastronomia porque comida é a melhor coisa. Já quis cinema porque é bacana fazer um filme. Já quis... Publicidade, eu não sei o porquê. Já quis turismo pra poder viajar e conhecer vários lugares. Já quis fisioterapia porque, de novo, eu queria ajudar as pessoas. Relações públicas, administração, jornalismo, relações internacionais, história, direito...

Ano passado eu prestei publicidade e turismo. Publicidade não deu e turismo eu passei, mas não fui fazer, porque eu não sabia se era o que eu queria. E a maioria das pessoas, tirando aquelas que acham que oportunidades não podem ser perdidas, achou uma boa escolha. Algumas porque eu ia ser pobre fazendo isso e outras porque eu era nova e não tinha que saber mesmo o que fazer. E todas falaram 'Você tem um ano pra conhecer, pra pensar. Faz cursinho mesmo e você vai conseguir descobrir.'

Ao contrário do que me fizeram acreditar e frustrando as pessoas, eu não descobri. Na verdade, acho que eu me desencontrei mais ainda. E o pior de tudo é que eu não sei se não escolho por querer várias coisas ou por não querer nada. Eu prefiro acreditar na primeira opção, porque não querer nada é meio sério... E as pessoas ficam preocupadas com isso e me fazem ficar preocupada com isso.

Todo tempo ficam me perguntando 'E o que você vai prestar?' e eu respondo que 'Ainda não sei'. E sim, eu sei que já é agosto, que as inscrições vão começar, bla bla bla, você não precisa me lembrar. Mas o pior é a a cara que as pessoas fazem do tipo 'Vixi...'. 'Mas você não gosta de nada?' SIM, EU GOSTO! EU QUERO DORMIR, COMER E VER TV O DIA TODO E SER PAGA POR ISSO. Eu ia ser a melhor, a funcionária do mês. Satisfeito, cacete?

Mas pior ainda é quando você fala o que quer e as pessoas querem rir como se eu tivesse falado que quero ser catadora de latinhas da praia. O que hoje em dia é seguro pra você fazer? O que quer dizer que se eu fizer medicina eu vou ser rica ou feliz? Eu vou fazer o que eu quiser, porque a vida é minha. Se eu quiser fazer jardinagem, eu vou fazer. E se eu vou ser pobre, desempregada ou infeliz, o problema é todo meu. Se você acha que engenharia, direito, medicina são boas profissões, que dão dinheiro e felicidade, VÁ VOCÊ E FAÇA! E ai comece a me pagar pra dormir, já que você vai ser tão foda assim.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pequena garota com lágrimas nos olhos

Eu gostaria de dizer à ela pra não entregar seu coração assim pra alguém que ela mal conhecia. Pra alguém que ela nem sabia se gostava dela. Pra alguém que ela nem sabia se o merecia.

Eu gostaria de dizer à ela pra ouvir os contos de fadas, mas pra saber que eles são irreais, que a realidade é outra e muito diferente. Que príncipe encantado não existe e que 'feliz pra sempre' é uma condição momentânea, não eterna.

Eu gostaria de dizer à ela pra ver os filmes de romance e se comover, se sensibilizar com os amores incondicionais, mas pra ela não se iludir achando que as pessoas amam assim, que colocam o amor como prioridade na vida, porque isso raramente acontece.

Eu gostaria de dizer à ela que algumas coisas são bem mais fáceis de começar do que vão ser depois pra terminar, pra esquecer.

Eu gostaria de dizer à ela pra não acreditar cegamente que ele sempre vai estar ali. Pra ela ir aprendendo a cuidar de si mesma sozinha, pois nem sempre ela vai ter alguém que a compreenda e lhe conforte, a não ser ela mesma.

Eu gostaria de dizer à ela pra sorrir com as juras e promessas de amor, pra sonhar com os planos feitos, mas pra não transformá-los no seu projeto de vida e não fazer deles mais do que uma brincadeira de faz de conta. Talvez eles aconteçam, talvez não... Só que a chance dela acabar desiludida por eles não terem se tornado reais são grandes, pois, então, não os leve a sério.

Eu gostaria de dizer à ela pra não deixar que sua felicidade dependa de outra pessoa, pois ninguém vai colocar a felicidade dela na frente da própria. Pra ela saber ser feliz sozinha, mas não que ela deva ser sozinha por isso.

Eu gostaria de dizer à ela que as pessoas não mudam por ninguém, que as pessoas só mudam quando elas mesmas precisam. Que se alguém não se importa em como lhe fere, não é o sofrimento dela que vai fazer essa pessoa se importar.

Eu gostaria de dizer à ela pra não chorar por ele. Algumas pessoas precisam perder as coisas pra começarem a dar valor. E que se ele não soube enxergar isso, não tem problema, um dia, alguém vai.

Eu gostaria de poder fazê-la acreditar que mesmo o coração dela estando partido, que ela vai conseguir sobreviver, que ela não pode jogar tudo pro alto por alguém que não quis fazer isso por ela.

E assim, quem sabe, eu não começaria a acreditar nisso também.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Mentiras que contamos sem perceber.

Eu não faço a mínima ideia do porquê de estar escrevendo. Eu nem sei sobre o que falar, na verdade, mas algo estava explodindo aqui dentro e no dia de hoje parece que tudo me irrita. Parece uma crise de tpm, mas sinto dizer, amigos, que não é.

É que tem uma coisa que me irrita, não, não chega a me irritar, mas me incomoda... Algumas palavras que, por mais que as intenções sejam sinceras quando as usamos (ou não), não deveriam existir, deveriam ser banidas.

A primeira palavra, ou melhor, a primeira expressão é: 'pra sempre'. Eu não sei quem foi o filho da puta que inventou, mas foi um filho da puta. 'Pra sempre' é a palavra que mais ilude as pessoas. Todos querem acreditar no tal 'pra sempre' (afinal, somos todos acostumados desde a infância a ouvir o tal 'felizes para sempre' e desde então todos sonhamos com essa porra), mas, sinto dizer, ele não existe. Alguns vão ficar chocados.. Mentira, vão ler isso e falar 'Ah, va! Não brinca!', mas ninguém lembra disso quando está apaixonado e fala 'vou te amar pra sempre' ou 'ficaremos juntos para sempre'. Bullshit! Vamos parar de dizer isso. Parar de enganar os outros e a nós mesmos. Nada dura pra sempre, você nem sequer vai viver pra sempre, imagina amar ou ficar com alguém pra sempre. Se você quer mostrar que ama muito alguém, intensificar suas frases, diga: 'Vou te amar o máximo de tempo que eu conseguir' ou 'vou ficar ao seu lado todo tempo que eu te suportar'. Bem mais sincero e não ilude ninguém. A verdade nua e crua. Obrigada.

Não pensem que eu não acredito no amor sincero e puro que dura toda uma vida... Eu acredito. Mas já percebeu como MUITA gente fala isso sem ter, realmente, essa intenção? Ok, você disse com intenção... Mas veja que o seu 'pra sempre' vai durar apenas 5 meses. Fale 'pra sempre' mas deixe explícito a validade. Não diga 'pra sempre' se na hora difícil você vai simplesmente jogar a culpa na outra pessoa e jogar tudo pro alto porque é mais fácil.

A segunda expressão é: 'aconteça o que acontecer' e variados. Outra mentira absurda. Muitas pessoas dizem 'vou ficar ao seu lado não importa o que acontecer'. Ok. Então se eu acabar com a sua vida, mesmo assim você vai ficar ao meu lado? Se eu matar toda a sua família, você ainda assim vai ficar ao meu lado? Ahan... - Estou sendo radical, admito, porém mais radical são essas coisas que a gente fala sem pensar.

Outra que eu excluiria seria 'nunca', 'jamais', etc. Tal como o 'pra sempre' é uma mentira. 'Eu nunca faria isso' e em 2 horas a pessoa vai e faz, já viu isso acontecer? Já disse que nunca faria alguma coisa e depois fez? Aposto que sim. Nós não temos o controle da vida, nós não sabemos que surpresas a vida pode trazer, quantas voltas o mundo vai dar, então não diga nunca. 'NEVER say NEVER' ;)

Eu entendo que essas coisas que falamos são momentâneas. Na verdade, a maioria das coisas no mundo de hoje são... Eu falo essas coisas. Todos falamos... Só acho que poderíamos pensar mais e evitar isso. O seu 'pra sempre' pode ser mais curto que o de outra pessoa e ela pode não entender isso. O seu 'aconteça o que acontecer' pode ser mais frágil do que você acha que é. O seu 'nunca' pode ser mais curto ainda que o seu 'pra sempre'.

Não brinque de adivinhar o futuro... Não costuma dar certo.


Obs: Perdão pela revolta e pelo pessimismo. Hahahaha ;)
Foi só um desabafo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Para ser eterno...

Para que algo seja eterno não é preciso que dure para sempre, mas, sim, que seja verdadeiro e real no tempo que acontece.
Mas isso é só minha opinião.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O vazio

Você entra no supermercado procurando algo que preencha o vazio que você sente. Não é fome, nem é vontade de comer. É só o vazio ali... Grande, imenso, te devorando. E ele fica te lembrando a cada instante que ele está ali e não pretende ir embora.

Milhares de produtos e milhares de marcas. Dez tipos de suco de laranja: Com gomo, sem gomo, azedo, doce, concentrado ou só água amarela, pra todos os gostos.

Você observa cada coisa, de todas as prateleiras, de todo o supermercado, gostaria de comprar algumas, até sente vontade de comer um docinho... Mas não. Não é aquilo que você procura.

Então você roda o supermercado todo mais três vezes com aquela música de filme cult francês ao fundo, se sentindo no próprio filme e sentindo sua vida sem direção, vazia, uma droga. E adivinhe? Você não está sozinho... O vazio continua ali e você chega a conclusão de que nada ali vai fazê-lo desaparecer.

Um mundo tão moderno, tão rápido, tão globalizado. São tantas opções que parecem fazer nossos desejos cada vez mais insaciáveis e passageiros e o buraco em nossas almas, cada vez maior.

sábado, 27 de março de 2010

Paranóica? Eu?

Aula de interpretação... O que discutiremos hoje?

Muito bem, Dom casmurro. O professor pergunta quem leu, eu e mais 14 pessoas levantamos a mão. Ele continua e pergunta quem acha que Capitu traiu Bentinho, 4 levantam a mão. Quem acha que ela não traiu, eu e mais 8 levantamos a mão. 9 + 4 = 15, o professor conclui.

Então ele conta a história a quem não leu e fala para não nos focarmos em Capitu, mas em Bentinho, que graças a psicologia dos dias de hoje, podemos ver que é paranóico! Alguns tem uma ideia disso, outros não.. Então ele explica:

Em primeiro lugar, Bentinho sempre achava que estavam conspirando contra ele, sempre acha que querem lhe fazer mal; Nessa hora minha amiga me cutuca e fala 'Olha, Camila, mas parece você', ela diz isso baseada num fato ocorrido no dia que eu, realmente, poderia ou não estar viajando, mas achava que tinha algo contra mim (Hahaha, a parte).

Em segundo lugar, Bentinho é extremamente ciumento com Capitu, não a deixa ir à varanda, a faz usar blusas de mangas compridas; Bom... Ciumenta eu sou, mas não me considero EXTREMAMENTE ciumenta, mas ok... 2 x 0

Em terceiro lugar, Bentinho é muito apegado ao passado (nesse momento eu penso 'FUDEU! Eu sou paranóica!'), pois sempre se liga a fatos que ocorreram no passado e bola uma história, que só aconteceu em sua cabeça, e com essa história, briga com alguém por uma situação que nem ocorreu de verdade, mas é tão persuasivo, acredita tanto no que diz que a outra pessoa também acredita nessa história e acaba achando que é louca.

Pensando nisso, comecei a analisar e vi que tenho mesmo os 3 aspectos que Bentinho tinha, mas vi que muitas pessoas na própria sala também começaram a pensar nisso e aposto que muitas também chegaram a mesma conclusão que eu.

A conclusão do debate é óbvia, todos começaram a concordar que Bentinho que havia inventado a traição de Capitu em sua cabeça, mas o mais importante acho que foi a análise própria que cada um fez de si.

E você? É paranóico?

sexta-feira, 19 de março de 2010

A menina do marca texto.

Seu caderno não tem canetas coloridas, como no da maioria das garotas. Só o amarelo fluorescente do marca texto para chamar atenção ou fazer números. Só marca texto e sempre amarelo.

Ela não segue o padrão dos outros, é diferente, e se sente segura quanto a isso. Ou ela, realmente, não se importa com isso ou faz de propósito, como forma de rebelião por um dia ter tentando muito e percebido que não dá pra ser igual a ninguém, mesmo estando nos padrões.

Ela também não se fixa a lugares... Vai descobrindo, tentando, cada dia de um jeito novo, em um lugar novo... Talvez por não ter se fixado a pessoas.

Ela fica sozinha e, por mais que tente se mostrar indiferente a isso, não consegue. Aposto que ela adoraria que alguém falasse com ela...

Ela responde às perguntas em tom alto e firme. Responde repetidamente até que alguém a escute... Sim, isso ela tenta provar, tenta provar que sabe, mesmo que a pergunta tenha sido bem estúpida. Ela quer se mostrar esperta, inteligente. Mas quando erra, aquieta-se rapidamente e finge que nunca nem abriu a boca.

Pra mim, ela é a menina do marca texto, só a menina do marca texto e das unhas de cores legais... Mesmo sabendo que isso é uma conclusão muito superficial... Ela é muito mais que isso, eu sei. Ela não sabe que é 'a garota do marca texto' pra alguém, o que me faz pensar, e eu? Sou a garota do que? A que fala demais? A que não para quieta? A que fica olhando com cara feia para as garotas conversando? Vai saber...