sábado, 15 de setembro de 2012

Talvez

   Não são as suas mãos que seguram as minhas andando pela rua. Nem é você me beijando na testa. Nem são para você as minhas mensagens de boa noite.

   Aquele dia você olhou para mim com a maior cara de tédio e desprezo que alguém poderia ter no mundo. Aquele dia você olhou para mim como se eu fosse mais uma das milhares de meninas que já se apaixonaram por você sem você ter se apaixonado por elas. Depois de tudo, aquela foi a parte que mais doeu. Ter virado mais uma entre tantas outras que passaram na sua vida, depois de ter sido "a"especial.

   Uma vez você me perguntou se um texto publicado aqui tinha sido para você. Não tinha. Você não chorou, mas seu olho encheu de lágrima. Era um misto de tristeza e raiva. Nunca esqueci. Mal sabia você que aquele texto não era, mas que o outro sobre a garota que você nunca superou era.

   Aquele dia eu me coloquei aos seus pés e pedi uma chance. Você pode não ter acreditado, mas eu realmente teria feito qualquer coisa para ficar com você. Meu coração despedaçava cada vez que você dizia que não, mas eu continuei ali, de pé, na sua frente, maquiagem borrada por choro, só te pedindo uma chance.

   A chance não foi dada. Fui embora. Cabeça confusa, coração sangrando pelos olhos, pressão baixa querendo me puxar para o chão, de novo. Eu andei aquele mesmo caminho que, muitos meses antes, tinham visto já aquela cena. Mas aquele outro dia era de tarde, um domingo com céu escuro e vento forte. Você me parou perto daquele bar da esquina, uns três quarteirões depois de eu ter ido embora. Esse dia era também um domingo, mas já era noite. Você me deixou ir sozinha dessa vez. Você não me parou no caminho. Você não me parou nunca mais.

   Os dias passaram, coisas aconteceram. Estou deitada pensando no filme do jogador que enlouqueceu. A ex-mulher ainda era completamente apaixonada por ele, eu sei, o cara do meu lado sabe também, todo mundo sabe. Mas ela largou ele e ficou com o outro, o bonzinho e fiel que só queria fazê-la feliz. Foi forçada a trocar o que ela queria por o que ela precisava.

   Talvez a vida seja assim mesmo.




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