quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Mayday

É como estar navegando em um oceano infinito. Eu flutuava. Mas agora o peso dentro de mim me puxa para baixo. É difícil manter a cabeça fora da água. Mas o meu único pensamento é você. Você. Que se perdeu em uma maré há muitos e muitos quilômetros. E eu atravessei meses e anos sem você. A gente se perdeu em correntes diferentes. E eu já não enxergo você na água mais. Eu não sei mais nada sobre você. Você continua navegando por aí? Por onde? Será que ficou em algum porto? Ou será que você sumiu para sempre nessa imensidão? Tentei escrever... mas nada te alcançou. Ou você preferiu que não alcançasse. Tanta coisa aconteceu comigo nessa jornada. Tanta coisa que eu queria te dizer, mas não pude. Tanta coisa eu passei. E mudei. Eu achei que a sua partida tivesse ficado para trás. Eu achei que eu pudesse navegar sem você. Parecia o certo. Mas agora você é a única esperança de resgate. Eu remo, procuro, volto, tento encontrar, me confundo entre rostos... não acho. A cada dia eu afundo um pouco mais. E espero ver no horizonte o teu sinal. Que não chega. Não sei se vai chegar. Eu te espero, relembro. Procuro pistas nas nossas memórias. Pergunto por você. Ninguém viu. Ninguém sabe. Será que um dia nossas rotas se cruzam de novo? Eu imploro aos céus por uma resposta, mas só recebo silêncios. Silêncio que ecoa na minha saudade de você. Profundidade.

domingo, 3 de novembro de 2019

You don't see me

Antes eu não conseguia sentir que as palavras poderiam descrever tudo o que eu sentia estando com você. Hoje eu sinto que nenhuma palavra pode descrever tudo o que eu sinto sem você.

Eu queria poder organizar em frases os meus pensamentos e sentimentos tão conflitantes e te fazer entender. Mas parece que os anos tornaram essa tarefa ainda mais impossível.

Eu queria te explicar que as coisas que eu tinha certeza na vida se perderam. E que as coisas que eu mais sonhava e achava que iam me fazer sentir realizada só me fizeram sentir mais vazia.

Eu queria te contar que eu odiei La La Land na primeira vez em que eu assisti. Como as pessoas podiam gostar de um filme tão triste? E aí eu queria te contar que, na segunda vez em que eu assisti, eu entendi que o filme era sobre a vida real. E eu chorei. Porque às vezes a vida leva as pessoas para caminhos diferentes. E elas acabam, no futuro, apenas trocando um olhar cúmplice sobre o que poderia ter sido e não foi.

E queria te contar que tem dias em que nada faz sentido para mim. Dias que eu fico olhando para tudo e sinto que nada tem solução. E que, em algum momento, eu sempre percebo que um dos meus maiores vazios é o seu vazio. Ou melhor, o vazio que eu sinto com o seu vazio.

Eu queria te contar que a verdade é que eu não sei muito bem como as coisas chegaram até aqui. Como tudo foi acontecendo. Há alguns anos, eu sentia que eu tinha controle sobre as decisões. E, hoje, eu só sinto que os anos passaram do nada e que eu tenho pouco - ou nenhum - poder sobre qualquer coisa.

Eu queria te dizer que eu cheguei a conclusão de que a vida não tem solução mesmo. E que eu não sei muito bem se ser adulto melhora ou dificulta as coisas. Que eu não sei se a gente vai adequando a nossa felicidade à realidade ou se a gente só vai se conformando com as coisas como elas são. E que isso me assusta.

Eu queria te dizer que semana passada alguém comentou algo sobre Brilho eterno de uma mente sem lembranças e eu pensei em tanta coisa sobre a gente em poucos segundos que o conceito de tempo poderia ser reformulado.

Eu queria te dizer que eu queria te dizer várias coisas felizes e super positivas, porque eu tenho medo de você não entender mais o meu jeito niilista e isso ser mais um fator para você se afastar. Mas a verdade é que eu não sei se nada disso importa.

Eu queria te dizer que eu sinto falta de falar com você. Muita. Acho que a gente só consegue entender esse tipo de coisa quando isso que aconteceu com a gente, de fato, acontece. Mas com você eu tive as melhores conversas da minha vida. E eu sinto falta da sua contraposição ao que eu penso e acredito.

Eu queria te dizer que, quando eu tento entender como foi que a gente se afastou, que eu não consigo entender. Que tudo só parece um borrão. Como um trem desgovernado.

Eu queria te dizer que eu penso mais do que eu deveria em como as coisas poderiam ter sido se eu tivesse agido de forma diferente em várias ocasiões.

Eu queria te dizer que eu demorei muito tempo para entender o valor de Wish You Were Here, mas que hoje eu escuto e sinto na alma cada palavra dessa música.

Eu queria te dizer que eu sei que eu tive absurdamente muitos relacionamentos nessa vida e que isso pode soar condescendente, mas que quando eu penso em sentimentos verdadeiros e profundos, só a gente faz sentido nisso tudo.

E eu queria te dizer que, com o passar dos anos eu me tornei muito cética sobre amor e relacionamentos, mas que, de alguma forma até contraditória, eu ainda acredito na gente. E que, quando eu penso sobre futuro com alguém e passar a vida com outra pessoa, que é sobre você.

Eu queria dizer que eu te odeio alguns dias. E outros, não. Que eu tento muito entender tudo isso e que eu não consigo. E isso é péssimo.

Eu queria te dizer que eu sinto a sua falta quase todos os dias. E que eu tento muito só não pensar nisso tudo, não lembrar, esquecer e só seguir a minha vida, mas isso sempre volta.

Eu queria te dizer que uma vez você me escreveu "não esquece de mim e da gente". E eu queria te dizer que eu não esqueci um dia sequer. E que eu nunca vou. Que, pelo contrário, você está sempre aqui.

Eu queria te dizer que você pode passar a vida me ignorando, que você pode pensar "nossa, até quando" e que você pode esperar que uma hora eu vou só cansar e desistir. E eu queria te dizer que tudo bem, mas que não, que eu vou estar aqui sentindo e dizendo sempre a mesma coisa. E falando sozinha quanto tempo for preciso. Porque How can I move on when I'm still in love with you?

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Milagre de natal

Hoje eu ouvi alguém dizer algo sobre "milagre de natal". E é engraçado como algumas situações podem nos levar diretamente para outro espaço e tempo. Porque ouvir essa expressão me levou para uns anos atrás quando você falava muito isso. Tipo quando a gente ficava, sei lá, uns três dias sem brigar ou quando nós concordávamos muito sobre as coisas e você me dizia "isso é milagre de natal". Eu sempre odiei o natal e as festas de fim de ano, mas com você, de alguma forma, eu gostava. Acho que talvez fosse porque a gente se conheceu no fim do ano, bem perto do natal. E aquele dia passou a sempre ser especial depois disso. Então, ouvir isso e relembrar que você usava essa expressão me trouxe um sentimento muito grande de conforto e familiaridade. E foi bom. E depois, como quase sempre quando eu penso, doeu.

Eu queria te dizer - e tudo bem se você nunca ler isso, porque ter a sensação de falar com você já me dá alívio - que nos últimos anos eu passei a me importar muito pouco com as pessoas. E você pode pensar algo como "nos últimos anos, né?", mas, sim. Eu acho que eu precisei me importar menos com as pessoas para eu poder me importar mais comigo. Acho que eu precisei me importar menos com os outros para eu conseguir viver sem me decepcionar tanto e me dilacerar tanto. E, no fundo, eu acabo me sentindo bem mal com isso, ao mesmo tempo. Em vários momentos eu me sinto egoísta e sinto que tem algo errado comigo. Mas eu aprendi a lidar com isso também.

E é irônico porque eu consigo fazer isso muito bem atualmente. Eu consigo viver sem pessoas, de um modo geral. Eu consigo não me importar de sumir e deixar até as pessoas próximas afastadas. Eu consegui me blindar desse sentimento de solidão e necessidade de estar com os outros. E não só de uma forma romântica. Mas, nesses momentos em que eu me pego pensando em você, isso desaparece. Porque eu só consigo sentir vontade da sua companhia e isso é sufocante como sentir falta de ar.

Eu sinto falta de cada pequeno detalhe. E eu fico pensando em como as coisas se tornam gigantes com a perspectiva do tempo e da saudade. Eu fico querendo falar com você, saber como foi o seu dia, por exemplo, ou que série ou filme sem noção que não tem nada a ver com os meus gostos você está vendo. Ou o que você pensa sobre algo. E poder passar horas falando sobre assuntos vagos, porque a gente só podia fazer isso. Hoje eu me sinto uma personagem de mim mesma. Eu falo sobre as coisas e eu devo parecer muito bem resolvida para quem me vê de fora. Mas eu já não acredito nesse papel que eu criei para mim mesma e isso é muito pior.

"Se você tivesse uma chance de ir viver um dia no seu futuro ou um dia no seu passado, para onde você iria?". Eu sempre tive um pouco de dúvida sobre isso. Eu nunca consegui decidir se valeria mais a pena descobrir o futuro ou reviver algum dia do passado, mas... hoje em dia, eu acho que se eu pudesse fazer algum dos dois, acho que eu só viveria um dia nosso de novo. E nem precisava ser um dia especial, sabe? Podia ser um dia comum. Podia ser até um dia meio ruim, se você quiser saber. Para mim, seria suficiente.

Eu sempre tive crises existenciais. Acho que sempre vou ter, na verdade. E hoje eu vejo como eu sinto falta de você só falar algo como "tá tudo bem, vai ficar tudo bem", porque, por mais que eu ficasse frustada por tudo continuar sem solução, isso era o necessário e o essencial. Isso sempre foi mais do que suficiente.

Eu me sinto bem tonta de sentir tudo isso ainda. Eu queria ter uma máquina que só te tirasse da minha memória como em "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", lembra? Acho que, como a Clem, eu impulsivamente só faria isso. Mas eu não tenho. E o tempo também não adiantou para me fazer parar de sentir e esquecer. E, no fim, eu fico esperando você voltar ou só cruzar a minha vida de novo diretamente do passado, como em um filme do Nicholas Sparks. Porque, afinal, é fim de ano e milagres acontecem.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Enclausurado

Às vezes eu fico pensando sobre tudo isso... Eu passei anos procurando respostas, revivendo acontecimentos do passado, sentindo saudade, alegria e dor, algumas vezes. Eu ouvi músicas, assisti filmes e séries, reli coisas. E eu realmente acreditei que nunca mais eu falaria com você. E aí você reapareceu e eu finalmente achei que ia entender tudo o que tinha acontecido. E logo você sumiu de novo, me deixando com mais dúvidas do que nunca. E, depois disso, nada fez mais sentido nenhum mesmo para mim.

E eu acho que essa talvez seja a sua maior injustiça comigo. De todas. Nunca ter me deixado descobrir a verdade. Não me deixar saber. Não ser honesto. Eu sempre li um livro incompleto. Por anos e anos.

Nem sempre é fácil superar algumas coisas na vida. Certos acontecimentos exigem muito tempo para serem "curados". Mas eu acho que entender as situações e as pessoas ajuda nesse processo. E isso é algo que eu nunca pude ter na nossa história. E isso é bem triste, na verdade. Porque eu acho que eu nunca entreguei o meu coração tão sinceramente para outra pessoa.

Você nunca me deu todas as peças desse quebra-cabeça. E isso me faz ficar presa, de alguma forma. E não é certo. É sufocante voltar para a nossa história de tempos em tempos. Por falta de respostas. Por esperanças vazias de uma incompreensão.

Eu não sei se você considera isso um castigo merecido por coisas que eu fiz. Ou se você realmente não compreende o efeito disso em mim. Eu não sei dizer se é maldade, negligência ou indiferença, mas não é fácil. Para mim.

Algumas pessoas acham que o maior presente que um ser humano pode dar para o outro é amor. Eu já pensei assim. Mas hoje eu enxergo que isso não é verdade. O maior presente que um ser humano pode dar para o outro é a liberdade.

A gente tem que ser livre para poder ser feliz.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Diário de um coração esgotado

É curioso como, mesmo quando nós entendemos que não é possível ficar estagnado esperando coisas, pessoas e situações, a nossa mente fica tentando encontrar razões para as coisas terem acontecido como aconteceram. Somos seres que não conseguem encontrar paz até compreender as situações. Somos obcecados por respostas.

É isso o que me angustia agora. A tristeza passa, a frustração, também. Não foi exatamente simples, mas, um dia após o outro, tudo vai se dissipando e diminuindo. Mas os porquês continuam martelando na minha cabeça de vez em quando. Naqueles momentos que te pegam em um fim de tarde ou naquele silêncio antes do sono. E principalmente nas horas em que eu só consigo pensar em nós dois juntos e felizes... A realidade me dá um soco no estômago e eu só consigo questionar.

Começa com algo como "cara, eu não consigo entender o motivo disso tudo estar acontecendo como está acontecendo", depois eu fico analisando cada pedacinho dos dias que antecederam tudo isso. Eu lembro que, sei lá, eu te esperei por anos, sabe. E meio que eu me acostumei com aquele sentimento de querer muito uma coisa, mas me conformar de que era impossível. E aí rolou toda aquela doideira, que eu ainda não entendo, mas tudo bem, nada tinha mudado. Em um domingo, eu lembro de sentar de olhos fechados para o sol. Eu fiquei ali só existindo em um universo que eu quase nada compreendo. E foi ótimo. Mas, em certo momento, eu pensei: "Eu não entendo nada do que está acontecendo, universo, mas eu quero muito uma resposta, eu preciso disso" (nesses anos todos, eu comecei a acreditar muito em energia e atração e coisas que têm que ser). Naquele domingo à noite, poucas horas depois, você apareceu.

Eu fico dissecando cada segundo daquilo. Cada palavra que você me falou. Fico tentando analisar seus sentimentos em cada coisa que você escreveu. Fico tentando compreender se você ainda é quem eu conhecia ou se você virou uma pessoa completamente diferente. Essa parte dói, eu assumo. Porque pensar em quem você era, me dá saudade. E pensar que você virou alguém completamente diferente, me dá um sentimento de agonia, por algum motivo. E, ao mesmo tempo, eu só consigo querer conhecer a pessoa que você se tornou, porque, afinal, de alguma forma, essa pessoa, ainda que diferente, é uma extensão de quem você foi um dia. E, de uma forma egoísta, eu só quero achar algum pedaço meu ainda dentro de você. Porque... eu mudei, mas eu acabei não perdendo as suas partes dentro de mim. Pelo contrário, elas só ficaram maiores e mais significantes.

Eu tento entender o porquê disso. Porque, para mim, era claramente o destino dizendo "olha, eu sei que você passou por muita coisa, mas foi para chegar nisso, agora você vai entender tudo" e, na minha cabeça, fazia todo o sentido. O momento certo, a hora que tinha que ser, as coisas pelas quais eu passei e as lições que eu aprendi. Tudo tinha uma lógica e a lógica era você. Você e eu. Agora. Que timing, universo. Pena que isso tudo só existiu dentro da minha realidade imaginária.

Você apareceu e eu senti que você só queria a mesma coisa que eu. Tipo, cara, a gente perdeu tempo demais, eu te amo muito e vamos parar de perder tempo. Eu vivi tanta coisa e foi ótimo e péssimo, eu senti sua falta em cada momento e não faz mais sentido não ter você na minha vida. Foi o que eu achei. Foi o que eu senti. Mas agora eu me questiono todo o tempo qual era a sua visão daquilo tudo. Isso também dói. Porque algumas possibilidades são difíceis demais de reconhecer e acolher.

Eu não sei se você só fez tudo no impulso e depois se arrependeu. Ou se você só queria viver uma fagulha de passado, mas não de futuro. Se você teve medo e resolveu fugir mais cedo do que nunca. Se você percebeu que você já não sentia mais o mesmo. Se foi alguma coisa que eu disse... ou se foi quem eu sou hoje. Eu continuo rebobinando tudo na minha cabeça, nessa torturante e inútil tentativa de entender.

É difícil lidar com coisas dolorosas na vida. Mas acho que é mais difícil quando você não sabe as razões daquilo acontecer. Eu fico presa no dilema: foi alguma coisa que eu fiz? Como eu posso ter feito algo tão grave em tão pouco tempo? O que eu fiz em, tipo, dois dias para a outra pessoa pensar "hum, não, eu não quero isso"?

Uma vez você me disse que eu ia acabar ficando sozinha. Que eu ia precisar passar por isso para aprender a agir com as pessoas que gostam de mim. E que eu ia afastar todos que se importam comigo nesse processo. Hoje, essas suas palavras ficam ecoando dentro de mim. Parece irônico. Eu fico em pedaços, eu fico estática. Eu me sinto estúpida, porque eu só queria poder curar todas essas coisas que doem com você, eu e você, mas é justamente você que está causando tudo isso. O coração é, definitivamente, um órgão burro.

Por que você apareceu se não queria ficar? E se você não queria ficar, por que você falou que queria? Se você não tinha sentimento, por que fingiu sentir? Se você ia só sumir, por que me deixar sonhar com algo que você sabia que nunca ia acontecer? Por que brincar com algo tão importante para mim? Depois de tanto tempo, você apareceu e me fez sentir de novo a dor de te perder, quando eu já tinha me acostumado com essa perda. Isso é tão cruel que eu não consigo entender. E não sei se algum dia  eu vou.

Eu achei que eu já tivesse conseguido várias peças desse quebra-cabeça. Talvez até fosse possível ver o desenho se formando. Mas hoje eu vejo que, na verdade, talvez só tenham mais e mais coisas que eu não faço ideia.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

As palavras que eu nunca quis ter que te dizer

O tempo passou. E muita coisa aconteceu. E eu achei que, depois de tudo isso, nós finalmente teríamos a chance de consertar as coisas e fazer direito desta vez. Juntos. Talvez eu quisesse muito voltar no tempo e viver de novo tudo aquilo que mais me fez feliz até hoje. Mas talvez não seja tão simples voltar no tempo. Não se alguma das partes não quiser realmente isso.

Foi muito fácil voltar a sentir tudo de novo. Foi fácil porque, na verdade, você nunca foi embora. Foi fácil porque por mais longe que você estivesse, você sempre esteve muito perto. Mesmo sem saber, você esteve presente na saudade, na alegria, na tristeza, na dor, na conquista, na música, no cheiro, na lembrança, na risada e até no abraço que não era o seu, mas que foi tão desejado. É difícil explicar a minha conexão com você. Uma coisa de alma e de vidas. 

Eu já conheci muita gente. E é maluco pensar que tempo e espaço nunca foram os determinantes nos meus sentimentos. É comum a gente pensar aquela coisa egocêntrica de que, quanto mais alguém parece com a gente e quanto mais afinidade temos, mais próxima e intensa vai ser a nossa ligação com a pessoa. Mas você sempre foi prova viva de que isso é uma grande ilusão. A gente nunca foi parecido, nunca gostou das mesmas coisas. Eu sempre quis viver tudo e sentir tudo agora, logo, rápido. Você sempre foi mais vamos refletir e analisar e pensar de novo, com calma. Você era a teoria, eu era a prática. E, mesmo nas nossas gigantescas diferenças, a gente deu um jeito de se encontrar, se gostar e ficar junto, de alguma forma. E eu só posso te garantir que nada nem ninguém nunca foi maior do que isso. E nunca vai ser. 

Eu nunca entendi como duas pessoas podem se amar e saber que são feitas uma para a outra, mas não acabarem juntas. Nunca fez sentido para mim. Mas, por mais que eu queira, a vida não é um filme com roteiro feito, ensaiado e final feliz. Amores sempre vão ser amores, mas talvez até as almas gêmeas se percam de vez em quando. 

Eu aprendi certas coisas nos últimos anos. E algumas foram bem difíceis de aceitar. Uma delas é que às vezes não importa o quanto você queira algo, o quanto você ame e o quanto você se esforce para conseguir uma coisa, só não é para ser. E a outra é que a gente não pode cobrar amor e implorar sentimento. Porque, no final, é pior. Receber amor por cobrança é mais solitário do que não receber amor nenhum.

Então eu respiro em paz agora. Meu coração vai seguir tranquilo e sem dúvidas do que poderia ter sido, porque eu tenho plena consciência de que eu fiz o que estava ao meu alcance. Eu tentei, sabe. E isso é mais importante do que conseguir. E eu pude falar o que eu sentia e pedir desculpa pelo que precisava. Eu te deixei muito claro o meu sentimento e a minha vontade. Essa é a minha parte. O que você fez com isso é a sua.

Eu queria te esperar a vida todinha. Eu queria poder te falar todos os dias o quanto eu te amo e como eu acho que a gente é perfeito um para o outro, mesmo com tanta imperfeição. Eu queria ter você todos os segundos, para sempre. Mas eu não posso. E eu tenho que seguir, de alguma forma. Porque a vida sempre segue. E traz coisas bonitas também. Nem sempre é o que a gente quer, mas às vezes é o que a gente precisa. E, hoje, eu não tenho mais medo de seguir sozinha.

E, no fundo, eu só espero que esse não seja o fim. Eu espero ainda te encontrar por aí nas suas voltas. Mas isso não depende mais de mim. E se você sentir saudade ou mudar de ideia, me esbarra por aí. Tente não me esquecer, vou tentar sempre te amar.

Ao som de: https://youtu.be/pjTj-_55WZ8

domingo, 28 de julho de 2019

Eu vivo na espera de poder viver a vida com você

É difícil escrever quando a gente sente tanta coisa, mas fica meio sem palavras pra explicar. É estranho sentir tudo isso e meio que não falar pra você, quando tudo que eu queria era poder falar disso com você. Tudo que eu tento escrever soa meio patético, talvez porque seja assim que eu me sinto. E eu só queria muito escrever qualquer coisa que só te fizesse ficar, porque eu não aguento mais as suas partidas.

Eu tentei esquecer tudo isso, eu tentei deixar para lá e só seguir em frente, mas toda vez que eu pensava nisso, eu só lembrava mais. E fazia mais questão de te ter por perto, da forma que fosse possível. E eu me senti tão perdida em tanto tempo e eu só queria te encontrar. Porque você sempre pareceu a direção certa. 

E eu só espero que a gente ainda possa seguir junto. Eu só espero que a gente consiga estar junto, porque eu sinto falta de cada pedaço seu na minha vida. Eu sinto falta de saber que você está aqui pra qualquer coisa, seja pra dar um bom dia ou pra me irritar antes do boa noite. É engraçado querer assim tão especificamente uma pessoa e cada detalhe dela. Parece que o mundo perde um pouco os tons sem você.

Eu fico pensando naquele dia que a gente se conheceu e em como eu meio que senti que era você. Você apareceu quando eu estava ficando cansada de te procurar. E eu queria poder voltar naquele dia pra poder viver tudo de novo. Cada momento da nossa história. Porque uma vida inteira com você ainda não seria suficiente.

Será que você pode ficar desta vez? Será que você consegue liberar um espaço na sua vida pra caber a minha nela? Me deixa ficar, porque eu não quero mais ir embora. 

sábado, 13 de julho de 2019

Por quanto tempo mais?

Eu tento buscar as palavras certas para te dizer. Eu tento formular cada pensamento, frase e vírgula para te fazer entender. Mas parece que nada te atinge. Enquanto tudo isso me engole como um tsunami de lembranças e emoções. E dói tentar compreender a sua racionalidade comigo, quando tudo o que eu tenho para você são sentimentos.

Quase ninguém sabe o que vem acontecendo comigo. Acho que nem você. Por mais que eu tente te explicar, acho que você não consegue enxergar a nossa história como antes. Parece que os anos te fizeram seguir e esquecer tudo o que a gente viveu e sentiu. E eu fiquei meio presa nesse espaço tempo em que muita coisa aconteceu, mas o sentimento continuou intacto.

As pessoas me olham e falam comigo, mas elas não sabem que eu ando por aí com um buraco imenso dentro de mim. Que eu tento sobreviver a cada minuto, hora e dia sem enlouquecer. Os dias cheios são um alívio, porque cada momento de silêncio me traz tudo isso de volta.

Eu queria gritar com você e te dizer que eu sou só uma pessoa. Porque parece que você ignora isso. Você jogou tudo em cima de mim e depois me deixou sozinha sem entender nada. Sem poder falar sobre e sem nenhuma resposta. E eu fico aqui conversando com os seus silêncios, tentando achar um sentido para tudo... ou para qualquer coisa.

Parece que a minha vida virou um filme pausado. Ou talvez um filme em que tudo está passando rápido e em preto e branco esperando um acontecimento para fazer tudo voltar ao normal. O acontecimento é você. E é cansativo esperar por algo que a gente nem sabe se vai chegar.

O tempo na ampulheta está se esvaindo. E está chegando a hora de você decidir o que você vai fazer comigo. Porque eu não vou conseguir segurar tudo isso sozinha. Então vem comigo... ou me deixa ir sem você. 

quinta-feira, 11 de julho de 2019

A memória mais bonita

Eu sinto saudade. Mas, acima de tudo, eu sinto gratidão. Não uma gratidão rasa de hashtag de internet. Mas uma gratidão profunda que vem de lá de dentro do meu ser. Eu tenho tanta sorte. Conheço tanta gente que não experimentou um sentimento real e arrebatador, que nunca conheceu essa pessoa que muda a vida da pessoa. Que nunca sentiu um amor tão intenso e incrível, que o corpo até suspira só de relembrar.

Eu tenho sorte demais. Porque você apareceu. Talvez no momento mais incerto, sim, mas também no momento em que eu estava ali formando a minha personalidade, você surgiu. Quando eu achava que eu já sabia tudo e me sentia a dona da razão, você veio. E quebrou o meu orgulho e boa da minha prepotência. Amar você me fez tentar ter paciência, me fez entender que nem tudo chega no tempo que a gente acha que tem que chegar. Me fez sentir algo tão real e inexplicável e ver que tudo aquilo que eu via nos filmes era verdade, no fim.

Te amar me fez mais humilde e me fez enxergar outros lados nas coisas. Te amar me fez uma pessoa tão cheia de vida, que eu até acreditei que eu podia ser feliz para sempre. Te amar me tirou as amarras, me fez mais boba e mais sonhadora. Te amar mudou a minha vida. E eu sou muito grata por isso. Quantas pessoas podem afirmar que viveram e sentiram isso? Eu posso.

Obrigada por acreditar em mim. Obrigada por enxergar tanta coisa que até hoje eu ainda não consigo (me) ver. Obrigada por me deixar sem palavras. Obrigada por me fazer ter coisa para relembrar por toda a vida. Pelos sonhos que eu vou sonhar até o fim. Mesmo que você não queira, você está aqui comigo todo o tempo. Em cada sorriso, em cada fracasso, em cada momento de emoção. A cada batida de coração você pulsa em mim. E talvez isso seja o mais bonito que a gente possa esperar de outra pessoa.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Talvez você soubesse

Talvez toda a minha coragem fosse medo. Medo de você descobrir que eu não era nada daquilo que você pensava que eu fosse. Talvez eu quisesse que você achasse que eu era tudo aquilo. Porque talvez se eu fosse tudo aquilo, você nunca ia me deixar. Talvez eu só pudesse ser tudo aquilo porque você me dava apoio para ser o que eu queria ser. Eu podia caminhar com segurança porque eu tinha você. No dia mais brilhante ou quando o mundo caía. Tava tudo bem. Porque você sempre soube colar os meus pedacinhos, por mais desconexos que eles fossem.

É engraçado como eu me sinto uma farça sem você. Como eu não me reconheço mais. Não reconheço minha coragem, minha teimosia, meu coração despretensioso e cheio de sonhos, o meu sorriso sincero porque eu sabia que, mesmo longe, você estava por aí me amando e cuidando de mim. Eu acho que eu me perdi. Eu me perdi quando eu te perdi. 

As palavras que eu falo já não têm sentido. Elas soam vazias. Os meus passos erráticos já não encontram a direção certa. Os meus olhos já não têm brilho. Eu acreditava em tanta coisa bonita... que se perdeu. E eu achava que conquistar o mundo ia fazer essa dor sumir. Mas hoje eu entendi que nada faz. 

Eu fico esperando o dia que você vai vir para ficar. O dia que você vai sorrir para mim como se tudo não tivesse passado de um sonho ruim. Que acabou. Eu espero o seu bom dia, o seu jeito de rir das coisas mais banais do cotidiano, a sua leveza na minha insanidade e as suas músicas de bandas que eu jamais ouviria se não fosse por você. Eu espero o seu colo, a sua aprovação, os seus planos e até as suas dores. Eu espero o seu jeito, a sua calma, a sua alma. Eu espero o jeito como a gente às vezes sabia que nada fazia sentido mesmo, mas enquanto não fizesse sentido juntos, tava tudo bem.

Eu me olho e não me vejo. Eu me olho, mas ainda te vejo tanto. Dentro de mim você ainda existe imenso. E eu não sei qual Deus eu devo culpar ou agradecer por isso. Talvez você soubesse.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Dilacerante

Uma vez eu li um texto que dizia que lidar com o fim de um amor é pior do que lidar com a morte. Porque a morte coloca um ponto final eterno em tudo (ou não, oi Ghost). Enquanto, no fim de um amor com alguém que ainda está vivo, a pessoa tem que lidar com a falta daquele ser, sabendo que essa ausência é por escolha, não por fatalidade.

Preciso acrescentar mais um agravante nisso tudo: você nunca sabe quando e nem como aquela pessoa pode reaparecer de repente na sua vida. Você não se preparou, não ensaiou uma reação sensata, nem pensou nas palavras certas para dizer. Não acalmou o coração, muito menos teve a chance de fortalecer a mente para o momento. O encontro simplesmente acontece, a notificação da mensagem chega, a ligação surge na sua tela enquanto o seu corpo tenta elaborar um jeito de manter tudo funcionando até você entender o que está acontecendo.

Amores não seguem regras. Às vezes eles voltam em um momento melhor para, desta vez, ficar para sempre. Outros surgem do passado para resolver coisas pendentes. Alguns amores se transformam em amizades. Também existem aqueles que retornam e não sabem direito o porquê. Talvez esses sejam os mais complicados de lidar. Se não é fácil entender a nossa própria confusão, imagine a do outro.

Eu encaro o celular sentindo todo o vazio dessa incompreensão. A luz artificial torna tudo mais deprimente. Eu quero gritar, mas eu sufoco tudo aqui dentro, bem guardado para mim, obrigada. Não entendo o que você quer... E isso me deixa atordoada. Eu sempre tive tanto para te dizer, mas você sumiu de um jeito que nunca pude falar mais nada. E agora você reaparece e eu, ingênua, penso "finalmente". Mas esse não era o seu plano, né? 

Você voltou, questionou, remexeu em velhas feridas, me fez reviver tanta coisa bonita e outras nem tanto... E agora fica aí me olhando enlouquecer com seu silêncio cortante e a sua indiferença banal. E eu nem sei o que eu fiz de errado dessa vez. Não é justo. Afinal, o "e se" é pior do que "nunca".

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Entremeio

Luz

Incrível como você está tão presente mesmo sem estar. Como eu fico preenchendo os seus vazios com músicas, momentos passados e palavras há muito ditas. Mais surpreendente ainda é realmente sentir você aqui. É quase físico. Apesar de só estar dentro de mim.

Sombra

É difícil encarar tudo o que aconteceu. Eu achava que os anos tinham amenizado as coisas. Os sentimentos, as escolhas, a saudade, o fim (fim?). Mas uma pequena centelha de luz foi o suficiente. E tudo ficou mais intenso do que nunca.

Luz

Hoje eu enxergo tudo com mais distância e mais clareza também. É quase como olhar uma foto antiga e tentar reviver o momento. Eu sinto falta de sentir tanto. Eu sinto falta de sentir algo tão inocente, puro e grandioso. Eu sinto falta de acreditar. Eu sinto falta de achar que juntos nós poderíamos qualquer coisa. De que isso nunca teria fim. Fossem quais fossem os nossos erros.

Sombra

Culpa. Confusão. Arrependimento. Solidão. Apatia. Desilusão. Nostalgia. Angústia. Dúvida. Um pacote muito pesado em alguns dias. E, mesmo pesado, eu não quero deixar ir. Talvez porque, mesmo em tantos anos, nada tenha chegado sequer perto do que a gente teve. Tanta coisa que eu queria te dizer. Eu crio nossos diálogos na minha cabeça. Porque lá é o único local onde eles podem existir.

Luz

Eu não percebi a transformação. Ela foi acontecendo discretamente. Aos poucos. Enquanto eu prestava atenção em tantas outras coisas, ela chegou. Eu reparei não faz muito tempo. A gente era muito diferente. Nosso jeito, nosso temperamento, nossos gostos e até as coisas que a gente não curtia. E esses anos me fizeram muito você, sabia? O que eu vejo, o que eu ouço, o que me interessa, o jeito como eu me sinto. É irônico, né? Mas eu gosto. De cada pedacinho meu que é tão seu.

Sombra

Aconteceu tanta coisa. Eu jamais poderia imaginar. Coisas incríveis, sonhos de uma vida. Mas não poder compartilhar com você torna tudo tão... oco. Sem brilho. Sem cor. Sem vida, talvez. Causa uma alegria frustante. Um vazio profundo. Como se talvez nada fosse suficiente para substituir algo que era realmente importante. Hoje eu entendo.

Luz

Eu sinto falta do jeito que você sempre falou que não conseguia me escrever nada e como você, na verdade, escreveu as coisas mais incríveis que alguém poderia ter me dito. Eu sinto falta do seu jeito de gostar de coisas clássicas e meio cults, quando a galera ainda nem queria pagar de cult. Eu sinto falta do seu jeito irritante que me enlouquecia absurdamente. Eu sinto falta dos seus apelidos bobos e originais. Eu sinto falta do jeito que você fazia eu (me) sentir.

Sombra

Eu tenho medo. A nossa incerteza me apavora. O seu silêncio me destrói. Eu fico analisando cada coisinha de tudo isso, tentando entender se a sua indiferença é mágoa, medo ou realmente indiferença. Eu me sinto sozinha sentindo tudo isso. E, apesar de tudo, você nunca me fez sentir sozinha sentindo nada. A sensação é terrível.

Penumbra

Eu permaneço. Eu fico. Eu espero. Alguns dias são incríveis e outros que eu jamais gostaria de reviver. Dias memoráveis e outros nem tanto. Eu fico aqui tentando entender. Entender quem eu sou. Entender quem você foi e quem pode ser agora. Nós aprendemos com os nossos tropeços? Nós já aprendemos a dar valor a tudo isso? Eu espero com a ansiedade de uma criança no Natal. I'm the girl who can't be moved.