segunda-feira, 1 de julho de 2019

Dilacerante

Uma vez eu li um texto que dizia que lidar com o fim de um amor é pior do que lidar com a morte. Porque a morte coloca um ponto final eterno em tudo (ou não, oi Ghost). Enquanto, no fim de um amor com alguém que ainda está vivo, a pessoa tem que lidar com a falta daquele ser, sabendo que essa ausência é por escolha, não por fatalidade.

Preciso acrescentar mais um agravante nisso tudo: você nunca sabe quando e nem como aquela pessoa pode reaparecer de repente na sua vida. Você não se preparou, não ensaiou uma reação sensata, nem pensou nas palavras certas para dizer. Não acalmou o coração, muito menos teve a chance de fortalecer a mente para o momento. O encontro simplesmente acontece, a notificação da mensagem chega, a ligação surge na sua tela enquanto o seu corpo tenta elaborar um jeito de manter tudo funcionando até você entender o que está acontecendo.

Amores não seguem regras. Às vezes eles voltam em um momento melhor para, desta vez, ficar para sempre. Outros surgem do passado para resolver coisas pendentes. Alguns amores se transformam em amizades. Também existem aqueles que retornam e não sabem direito o porquê. Talvez esses sejam os mais complicados de lidar. Se não é fácil entender a nossa própria confusão, imagine a do outro.

Eu encaro o celular sentindo todo o vazio dessa incompreensão. A luz artificial torna tudo mais deprimente. Eu quero gritar, mas eu sufoco tudo aqui dentro, bem guardado para mim, obrigada. Não entendo o que você quer... E isso me deixa atordoada. Eu sempre tive tanto para te dizer, mas você sumiu de um jeito que nunca pude falar mais nada. E agora você reaparece e eu, ingênua, penso "finalmente". Mas esse não era o seu plano, né? 

Você voltou, questionou, remexeu em velhas feridas, me fez reviver tanta coisa bonita e outras nem tanto... E agora fica aí me olhando enlouquecer com seu silêncio cortante e a sua indiferença banal. E eu nem sei o que eu fiz de errado dessa vez. Não é justo. Afinal, o "e se" é pior do que "nunca".

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